






Laíssa Santos Sampaio, irmã de Maria do Espírito Santo, liderança assassinada em 2011, recebe homenagem da ONU
"A vida do castanheiro é a vida da castanheira. A floresta Amazônica é viva. Viva de gente. A Floresta e os povos da Floresta estão sendo mortos” - Laíssa Santos Sampaio, irmã de Maria do Espírito Santo, foi homenageada em nome do casal assassinado.
Em 97, quando iniciou a discussão de implantação do projeto de assentamento agroextrativista Maria do Espírito Santo e José Cláudio Ribeiro começaram a participar dos debates e entrou fundo na luta em defesa da floresta e dos povos. No entanto, foi essa mesma luta que tirou a suas vidas em 2011.
Em reconhecimento ao casal de extrativistas a Organização das Nações Unidas celebrou o encerramento do Ano Internacional das Florestas com uma homenagem pela grande contribuição para proteger as florestas e as comunidades que nelas vivem.
Laísa Sampaio, irmã de Maria do Espírito Santo, recebeu o prêmio ontem (09), em Nova York. Em seu discurso Laísa afirma que a “Amazônia é manchada de sangue. E essa mancha continua se espalhando, mas nossa situação torna-se cada vez mais grave porque o Novo Código Florestal Brasileiro votado pela Câmara dos Deputados não favorece o povo que vive e defende a floresta”. Para ela “faltam políticas públicas de apoio para pessoas como nós que vivem e sabem produzir respeitando a natureza”. Confira o discurso da Laísa abaixo:
Discurso Laísa Santos Sampaio ONU
9 de fevereiro de 2012
Eu estou aqui porque assassinaram minha irmã Maria e meu cunhado José Cláudio. Isso porque eles defendiam a floresta e a vida na floresta.
Na Amazônia tem se intensificado casos de assassinatos de pessoas que como eles defendem a vida na floresta. A Amazônia é manchada de sangue. E essa mancha continua se espalhando.
Nossa situação torna-se cada vez mais grave porque o Novo Código Florestal Brasileiro votado pela Câmara dos Deputados não favorece o povo que vive e defende a floresta. Essa mesma Câmara que vaiou no momento em que foi anunciado o assassinato de Maria e José Cláudio.
A presidenta Dilma não deve aprovar essa lei, pois por baixo do desmatamento há muita gente sendo morta.
Maria e José Cláudio não só defendiam a floresta, mas mostraram na prática como viviam dignamente da floresta, respeitando a dinâmica e todas as espécies existentes. E sobre essa vida na floresta eles deram exemplos: Na educação, ensinando as crianças de que se pode ganhar mais com a floresta do que vendendo ou queimando ela. Deram exemplo prático em suas vidas. Não é utopia.
Faltam políticas públicas de apoio para pessoas como nós que vivem e sabem produzir respeitando a natureza. E isso é rentável, mas falta incentivo para esse povo. Incentivo só há para a criação do gado e para a retirada da floresta e esses grandes projetos para a Amazônia como as usinas hidrelétricas.
Lá só deixam o estrago e o dinheiro vai para a mão dos poderosos. Gera tantos impactos ambientais quanto impactos sociais. Quantas populações tradicionais deixaram de existir? E vão viver a vida na cidade, onde sua vida é destruída.
O protetor da natureza é quem vive no meio dela. A vida das pessoas que vivem na Amazônia precisam ser salvas. E a situação é urgente! A vida do castanheiro é a vida da castanheira. A floresta Amazônica é viva. Viva de gente. A Floresta e os povos da Floresta estão sendo mortos.
Fonte: Assessoria de Comunicação - Rede GTA